A compreensão budista do eu

O Budismo Tibetano ensina que todas as pessoas nascem inocentes. Quando pequenos, temos permissão, dependendo das circunstâncias familiares, para ser livres de espírito e para expressar esse amor original. Então, chega o momento de ir para a escola e a nossa visão natural começa a ser controlada. O deslumbramento e a curiosidade foram enterrados sob montes de informações intelectuais. A nossa relação com o mundo passa do coração ao cérebro, à medida que o senso do eu se torna mais profundo e se alarga a separação entre nós e os outros. O Buda ensina que esse senso de um eu aparentemente sólido é a causa subjacente de todos os nossos males.
Aprimoramos esse senso de eu à medida que crescemos e ele passa a definir a confiança, a auto-estima e o bem-estar mental. Mas todas essas qualidades têm uma base frágil porque são baseadas numa criação - quem somos, o eu - que simplesmente não existe. A ansiedade e o medo se perpetuam porque o edifício pode ruir a qualquer momento (o que invariavelmente acontece), já que todos os fenômenos são impermenentes. A única segurança psicológica,a única auto-confiança genuína, duradoura e confiável vem com a descoberta da natureza imaculada como o céu da nossa verdadeira mente, a inocência original com que nascemos - a nossa natureza búdica. Nós a atingimos por meio da prática da meditação.


Ralph Quilan Forde em "O livro da medicina tibetana".

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