Sobre a morte...e sobre a vida.

"A questão central sobre a morte, existente em todas as tradições religiosas, é: quem é que morre? Jesus fala de ter de "morrer" para ganhar a vida eterna. Da mesma maneira, Buda disse que tinha atingido o "estado sem morte", também chamado de "estado não-nascido". Quem é que "não morre"? Referências a um "estado sem morte" e a uma "vida eterna" nas tradições religiosas do mundo levantam uma questão a respeito das suposições materialistas tidas como certas no Ocidente. Somos inevitavelmente vítimas da morte? As tradições espirituais apontam para uma realidade mais profunda na qual a vida após a morte é flexível. Quem é que morre? Enquanto eu me identificar com este corpo, eu vou morrer. Se eu me identificar com minha inteligência, minha educação, meus projetos, empreendimentos, pensamentos e memórias, eu vou morrer. Todos os eventos mentais dependentes do sistema nervoso humano cessarão quando o sistema nervoso morrer. Sua mente e sua inteligência, dependentes do cérebro, morrerão quando o cérebro morrer.

O que não é dependente do corpo não pode morrer. Aquilo a que o Buda se refere como "sem morte" é a consciência pura - ampla, vívida e atenta, sem se agarrar e sem se identificar -, a conscientização livre da identificação com o corpo e que observa as sensações surgirem e passarem, que observa os eventos mentais e os sentimentos, que observa todos os fenômenos surgindo e passando no espaço como nuvens que se dissolvem no céu. Se eu não estou identificado com este corpo, com as memórias, desejos ou sentimentos, quem morre?"
B. Allan Wallace em "Budismo com atitude".

Comentários