Lidando com pensamentos desagradáveis

Especialmente se a meditação for uma prática nova para você, pode ser muito difícil observar pensamentos relacionados a experiências desagradáveis - em particular aquelas relacionadas a emoções fortes, como ciúmes, raiva, medo ou inveja - com pura atenção. Esse pensamentos podem ser tão fortes e persistentes que é fácil prender-se a eles e ceder à tentação de segui-los. Não tenho dedos o suficiente para contar o número de pessoas que conheci que discutiram esse problema comigo, especialmente se os pensamentos que elas vivenciam se relacionam com brigas que tiveram com alguém em casa, no escritório ou em outro lugar e que elas não conseguem esquecer. Dia após dia, suas mentes retornam às idéias que elas relacionam ao que foi dito e feito e elas se vêem presas pensando em como a outra pessoa foi horrível, no que elas poderiam ou deveriam ter dito ou feito na hora e o que elas gostariam de fazer para se vingar.

A melhor forma de lidar com esse tipo de pensamento é distanciar-se e repousar a sua mente no shinay sem objeto por um minuto e então direcionar a atenção para cada pensamento e as idéias que resolvem em torno dele, observando-os diretamente por alguns minutos, da mesma maneira como você observaria a forma ou a cor de algo. Permita-se alternar entre repousar sua mente na meditação sem objeto e conduzir sua atenção de volta aos mesmos pensamentos.

Quando você trabalha com pensamentos negativos dessa forma, duas coisas ocorrem. Primeiro, à medida que você repousa na consciência, sua mente começa a se acalmar. Segundo, você descobrirá que sua atenção a pensamentos ou histórias específicas vem e vai, da mesma forma que ocorre quando você está trabalhando formas, sons e outros suportes sensorias. E, à medida que esse pensamento ou história é interrompido por outras questões - como estender roupas lavadas, fazer compras ou preparar uma refeição - , as idéias desagradáveis gradualmente perdem força em sua mente. Você começa a perceber que elas não são tão sólidas como pareciam no começo. É como um sinal de ocupado ao telefone - irritante, mas nada com o qual você não consiga lidar.
Yongey Mingyur Rinpoche em "A alegria de viver".

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