Nosso cavalo selvagem

A mente aturdida é como um cavalo selvagem. Ela escapa quando tentamos encontrá-lo, assusta-se quando tentamos nos aproximar. Se descobrimos uma maneira de montá-lo, dispara com o freio entre os dentes e, finalmente, joga-nos direto na lama. Pensamos que a única maneira de acalmá-la é dar-lhe o que deseja. Gastamos muito da nossa energia tentando satisfazer e entreter esse cavalo selvagem que é a mente.

A mente aturdida é fraca porque está sempre distraída. Está distraída pela necessidade imperiosa de manter o conforto do eu. Ela medita sobre sua natureza discursiva e a absorção consigo própria, e isso a conduz ao sofrimento, porque a mente aturdida não pode transceder a si mesma. Quando surge uma dificuldade, ela é incapaz de superá-la. Quando acontece o inesperado, ela reage a partir de uma perspectiva limitada em que quer pemanecer feliz em seu cantinho. Portanto, se somos ameaçados, nos livramos disso por intermédio da raiva. Se alguém tem algo que desejamos, automaticamente sentimos inveja. Ao ver algo de que gostamos, sentimos desejo. Não duvidamos dessas respostas - nem mesmo perguntamos: "Vale a pena ficar zangado por causa disso?". O que nos deixa felizes e o que nos deixa tristes resumem-se a condições externas, circunstâncias que estão constantemente mudando. Isso aumenta ainda mais o nosso aturdimento e sofrimento.

Sakyong Mipham em "Fazer da mente uma aliada".

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