Des-construindo o ego


   O conteúdo do ego varia de pessoa para pessoa, no entanto todo ego funciona de acordo com a mesma estrutura. Em outras palavras: os egos diferem apenas na superfície. No fundo, eles são iguais. De que maneira são semelhantes? Eles existem à custa da identificação e da separação. Quando vivemos por meio do eu construído pela mente, que se constitui dos pensamentos e das emoções do ego, a base da nossa identidade é precária porque os pensamentos e as emoções são, por sua própria natureza efêmeros, instáveis. Assim, todo o ego está continuamente lutando pela sobrevivência, tentando se proteger e aumentar o seu tamanho. Para sustentar o pensamento do eu, ele precisa de algo oposto, que é o pensamento "o outro". O "eu" conceitual não consegue sobreviver sem o "outro" conceitual. Os outros são sobretudo os outros quando os vemos como inimigos. Numa extremidade da escala do padrão egóico de consciência, situa-se o hábito compulsivo de encontrarmos defeitos nas pessoas e nos queixarmos delas. Jesus referiu-se a isso quando disse: "Por que vês tu o argueiro no olho do teu irmão e não reparas na trave que está no teu olho?". No outro extremo da escala, encontram-se a violência física entre indivíduos e as guerras entre países. Embora na Bíblia, a pergunta de Jesus permaneça sem resposta, ela é, sem dúvida: porque quando critico ou condeno o outro sinto-me maior, superior.

Eckhart Tolle em "Um novo mundo: o despertar de uma nova consciência".     

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