Abraçando o medo

   Medo, preocupação e tensão costumam acompanhar o estresse. Mas essas emoções podem ser intensificadas por pensamentos a respeito do estresse. O medo tem a ver com fugir ou evitar situações ameaçadoras ou desconfortáveis. Mas as causas do medo podem estar em pensamentos como: "eu não tolero isso" ou "isso é assustador". A preocupação geralmente está ligada à revisão excessiva dos problemas, sem estar realmente conscientes deles. A tensão pode resultar em dificuldades secundárias como pressão alta ou doenças psicosomáticas. Não adicione emoções ao estresse. Em vez disso, procure usar o pensamento correto. Uma atitude mais positiva pode nos ajudar a combater o estresse. A coragem, como Ernest Hemingway costumava dizer, é a "graça sob pressão". O Budismo oferece um caminho positivo para pensarmos sobre nossa situação de vida. Por meio da meditação, podemos nos tornar conscientes dos processos momento a momento, e fazer o que for necessário para ficarmos relaxados. Cada experiência é completa. Embora não sejamos capazes de prever o que vai nos acontecer, podemos ficar completamente alertas e sintonizados com o aqui e agora. Então, descobriremos como encarar o estresse com maturidade. 

Meditando sobre o medo e o desconforto
Não tente evitar o estresse - abrace-o. Medite sobre o desconforto de sua situação estressante. Repare nos sentimentos e nas experiências do corpo -apertos no estômago ou respirações curtas. Aceite esses sentimentos como são: sensações. Observe como eles mudam a cada instante. Lembre-se de como cada experiência é transitória. Preste atenção nas distinções sobre o tempo. Você consegue reconhecer que o desconforto é uma série de experiências? Permaneça em sua consciência a cada momento. Pare de imaginar o futuro ou remoer o passado. O agora é a única realidade. Aprecie cada momento de cada experiência como único, sem precedentes. Entregue-se totalmente à sua situação estressante, sem esperanças nem desespero. Confie na completude e no vazio. 

Alexander e Annelen Simpkins em "Budismo no dia-a-dia". 

Comentários

  1. Gostaria de complementar esse tema de suma importância chamado Medo, que de mansinho se torna o vilão, paralisando e aprisionando a mente humana. Mas nada está perdido, se recorrermos à plena consciência, nós seremos capazes de transformar nossos sentimentos. “A prática fundamental é nutrir a plena consciência com a respiração consciente, para mantê-la alerta, cheia de vida e força. Embora no início sua plena consciência possa não ser muito potente, se você a alimentar, ela se tornará mais forte”.

    Transformando os sentimentos
    “O primeiro passo ao lidar com os sentimentos é reconhecer cada sentimento no instante em que surge. O meio para isso é a plena consciência. No caso do medo, por exemplo, você recorre à plena consciência, olha para o medo e o reconhece como medo.
    O segundo passo consiste em se tornar uno com o sentimento. Melhor não dizer, “Vá embora, Medo. Não gosto de você. Você não é eu.” Muito mais eficaz é dizer, “Oi, Medo. Como é que você está hoje?”Em seguida, você pode estimular esses seus dois aspectos, a plena consciência e o medo, a se cumprimentarem como amigos e a se unirem.
    O terceiro passo é o de acalmar o sentimento. Como a consciência plena está cuidando bem do seu medo, ele começa a acalmar-se. “Inspirando, acalmo as atividades do corpo e da mente.” “Expirando, acalmo meu medo.” Você acalmou seu sentimento só por estar com ele, como uma mãe segurando ternamente o filhinho que chora.
    O quarto passo é largar o sentimento, soltá-lo. Graças à sua calma, você está à vontade, mesmo em meio ao medo; e sabe que esse medo não vai crescer e se transformar em algo esmagador. Quando você se descobre capaz de tomar conta de seu medo, ele já está reduzido ao mínimo, tornando-se mais brando e menos desagradável. Você tem agora a oportunidade de se aprofundar e trabalhar na transformação da raiz do seu medo.
    O quinto passo é olhar profundamente – seu sentimento de medo – para ver o que está errado. Depois de reconhecermos o sentimento, de nos tornarmos uno com ele, de o acalmarmos e de o largarmos, podemos observar suas causas em profundidade. Elas muitas vezes se baseiam em percepções incorretas. Assim que compreendemos as causas e a natureza dos nossos sentimentos, eles começam a se transformar”.
    Thich Nhat Hanh em “Paz A Cada Passo”.

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