Nascimento e morte.

   No budismo, não usamos realmente a palavra "reencarnação". Dizemos "renascimento". Mas mesmo renascimento é problemático. Segundo os ensinamentos do Buda, o "nascimento" não existe. O nascimento geralmente significa que nos tornamos algo a partir do nada, e a morte geralmente quer dizer que nos tornamos nada a partir de alguma coisa. Mas, se observarmos as coisas que nos cercam, descobriremos que nada surge do nada. Antes de seu chamado nascimento, a flor já existia sob outras formas - nuvens, a luz do sol, sementes, o solo e muitos outros elementos. Em vez de nascimento e renascimento, é mais preciso dizermos "manifestação" (vijñapti) e "remanifestação". O chamado dia de nascimento da flor é realmente o dia de sua remanifestação. Ela já estava presente sob outras formas, e agora fez um esforço para se remanifestar. A manifestação significa que seus componentes sempre estiveram presentes sob alguma forma, e agora, como as condições são suficientes, ela é capaz de se manifestar como flor. Quando as coisas se manifestam, geralmente dizemos que elas nascem, mas na verdade não é isso o que acontece. Quando as condições deixam de ser suficientes e a flor deixa de se manifestar, dizemos que a flor morreu, mas isso também não é correto. Seus componentes meramente se transformaram em outros elementos, como o adubo composto e o solo. Temos de transcender noções como nascimento, morte, ser e não-ser. A realidade é livre de todas a noções. 

Thich Nhat Hanh em "Vivendo Buda, vivendo Cristo".  

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