O estado natural da conscientização.

   Uma das metáforas que os tibetanos utilizam para a técnica da prática "sem distração e sem apego" é a de um avô sem pressa num parque olhando para as crianças dos outros brincarem. As mães protegem seus filhos. O avô observa atentamente, mas não interfere. Não intervir, enquanto observa vigilante, é o ponto crucial da prática. Uma excelente palavra para esta qualidade da conscientização é "limpidez". A limpidez possui uma conotação dual de completa transparência, como o ar ou o vidro, e também luminosidade e brilho. A limpidez descreve uma poça de água no deserto que emerge de uma fonte de areia fina, o sol radiante brilhando na água. A poça é límpida, completamente transparente e luminosa. Tudo que aparece na água, até uma partícula de poeira, fica radiantemente iluminado. Essa é a característica que define o estado natural da conscientização - ela é límpida, clara e luminosa e, como o próprio espaço, nem um pouco pegajosa. 

B. Alan Wallace em "Budismo com atitude".

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