A origem de todos os sentimentos de amor.

   Depois de uma febre, há momentos em que sentimos um gosto amargo constante, nada tem sabor agradável. Somente quando nossa mãe vem e nos cobre com carinho, puxa as cobertas até o nosso queixo, põe a mão na nossa testa queimando - a mão é real ou é a seda do céu? - e gentilmente murmura "Meu querido!", é que nos sentimos recuperados, cercados pela doçura do amor maternal. O amor dela é tão perfumado como uma banana, como o arroz-doce e a cana-de-açúcar. 
   O trabalho do pai é enorme, imenso como uma montanha. A devoção da mãe transborda, como a água de uma nascente da montanha. O amor materno é o primeiro sabor que conhecemos, a origem de todos os sentimentos de amor. Nossa mãe é quem primeiro nos ensina a amar, a disciplina mais importante na vida. Sem minha mãe eu nunca teria aprendido a amar. Graças a ela posso amar todos os seres vivos. Por meio dela adquiri minha primeira noção de compreensão e compaixão. A mãe é a base de todo o amor, e muitas tradições religiosas reconhecem isso e honram sua figura - a Virgem Maria, a deusa Kwan Yin. Mal a criança abre a boca para chorar, a mãe já está correndo para o berço. Ela é um espírito gentil e doce que faz a infelicidade e as preocupações desaparecerem. Quando a palavra "mãe" é pronunciada, logo sentimos nosso coração transbordando de amor. A partir do amor, a distância entre acreditar e agir torna-se muito curta.

Thich Nhat Hanh em "Ensinamentos sobre o amor".        

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