A simplicidade.

   A pessoa simples vive da mesma maneira que respira, sem grandes esforços ou glórias, sem grandes afetações e sem vergonha. A simplicidade não é uma virtude que se deve adicionar à existência. É a existência em si, desde que nada lhe seja adicionado. Sem outra riqueza que tudo. Sem outro tesouro que nada. A simplicidade é liberdade, leveza, alegria, transparência. Tão simples quanto o ar, livre como o ar. A pessoa simples não se leva demasiadamente à sério, nem faz de qualquer coisa uma tragédia. Ela segue o seu caminho de bom humor, com o coração leve, a alma em paz, sem um objetivo, sem nostalgia, sem impaciência. O mundo é o seu reino, e isso lhe basta. O presente é a sua eternidade, e a pessoa se delicia com ele. Não precisa provar nada, já que não precisa manter as aparências, e não busca nada, já que tudo está diante de si. Há algo mais simples do que a simplicidade? Mais leve? A simplicidade é a virtude dos sábios e a sabedoria dos santos. 

André Comte-Sponville em "Pequeno tratado das grandes virtudes".    

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