Mergulhando na consciência...

   A posição budista é que aquilo que experenciamos como prazer é meramente um atenuante relativo do nosso descontentamento. Não existe nada de errado com a felicidade derivada das alegrias dependentes dos estímulos, mas, da perspectiva budista, estes estados de felicidade são meramente um atenuante passageiro do sofrimento. Quando um estímulo agradável é retirado, a mente volta ao seu estado habitual, um estado que é aflição, um estado que é sofrimento. A verdadeira fonte do sofrimento encontra-se mais fundo em nossa experiência e oculta pelos atenuantes temporários. 
   Existem alguns testes simples para a hipótese budista. Nas situações de privação sensorial, quando os estímulos são retirados, manifesta-se o tédio, uma forma sutil de sofrimento mental. Sem nada para estimular a mente num padrão agradável, seguimos do tédio para a solidão, a inquietude e a infelicidade. Pascal disse que a primeira aflição do homem moderno é a "incapacidade de se sentar calmamente em seu quarto". Ficar sozinho por um período ininterrupto é um tipo de tortura chamado confinamento solitário. Em um ambiente de privação sensorial, no qual a estimulação surge apenas da mente, faz com que, com o passar do tempo, a mente se torne caótica e entre em colapso. 
   Da perspectiva budista, situações de confinamento solitário ou de privação sensorial não criam dificuldades. Pelo contrário, essas situações revelam problemas que já estavam ali. O que acontece quando estamos sozinhos ou sensorialmente privados é o mesmo que está acontecendo todo o tempo, mas que está enterrado sob os estímulos. 
   Alan Wallace em "Budismo com atitude: o treinamento da mente em 7 etapas".      

Comentários