Quem morre?

   Quem morre? O corpo envelhece, para de funcionar como um organismo vivo e entra em decadência. Isto é inevitável. Mas, quem é este "eu" que morre? Será o sentido do "eu" que tem sido cultivado na vida nada mais é do que uma ficção baseada neste corpo, neste cérebro, nesta história pessoal? Com a morte, o corpo não sustenta mais nenhum tipo de ego, porque o cérebro acaba. A história pessoal termina com a morte.
   A conscientização não-nascida continua além da morte do corpo físico e da dissolução pessoal do ego. A consciência não-nascida não morre, porque ela nunca nasceu. É não-nascida durante a vida e não cessa após a morte. Se as ficções autocriadas do "eu" e do "meu" são liberadas antes ou durante o processo da morte, é possível compreender o estado sem morte. Ninguém morre quando a ficção do "eu" é liberada e o estado não-nascido é compreendido. Se você é capaz de permanecer na natureza da sua própria conscientização, a não-nascida, enquanto estiver morrendo, o despertar espiritual estará muito próximo. Se avaliar a conscientização não-nascida durante a vida, atingirá o estado sem morte aqui e agora, antes da morte física. 

B. Allan Wallace em "Budismo com atitude".     

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