Meditando sobre a morte.

   A meditação sobre morte e impermanência deve ser inspirada por prazer e alegria. Você deve pensar neste exercício como fator que o encorajará a se envolver na prática do dharma.
   A instrução oral diz que, após meditar sobre a certeza da morte, é eficaz contemplar o seu processo, imitando a situação real. Como se faz isso? Simplesmente imagine-se como uma pessoa à beira da morte. Os médicos o abandonam e você se vê perdido. Sofrendo de uma doença crônica, os médicos perderão a esperança e os amigos e parentes buscarão conforto em preces. Você terá de enfrentar a situação. Não estará apto a movimentar o corpo no colchão e estará usando as últimas roupas; e mesmo que queira deixar alguma mensagem, dificilmente conseguirá proferir as palavras que deseja. De repente, não terá nem mesmo tempo de deixar a mensagem. E a última refeição que ingerir, para um praticante religioso, será como pílulas abençoadas, embora não esteja apto a fazê-lo. É difícil saber se valerá a pena apostar todas as suas esperanças em pílulas abençoadas. Mas, ainda assim, é da natureza humana acreditar.
   À beira da morte, terá todo tipo de ilusão quando os elementos físicos em seu corpo começarem a se dissolver, e você perderá a força. Geralmente, tais processos de dissolução  estão associados a experiências de medo e a alucinações. Nesse momento, você ficará mais e mais distante do que, no senso comum, se entende por vida. Também deverá ter indicações de seu destino, por meio de ilusões ou alucinações de fogo ou água, de estar submergindo no solo ou sentindo o peso do corpo, e assim por diante. 
   Gradualmente, perderá o fôlego; eventualmente, este lhe faltará. Por fim, exalará o ar e já não estará apto a inalá-lo, e a qualquer momento, como uma corda de rabeca que arrebentará, sua ligação com o corpo chegará ao final. 
   Neste momento, as pessoas começarão a se referir a você como o falecido. O nome - Ten-zin, por exemplo-, que pode ter inspirado prazer e felicidade nos parentes, agora precisará de um prefixo, "saudoso". 

S.S. o Dalai Lama em "O livro da felicidade".    

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