A fala correta.

   Meus mestre zen costumava dizer: "A fala mansa nem sempre é mansa." Em geral, é claro, uma palavra gentil ou elogio leva com mais facilidade à serenidade, à boa vontade e à vigilância. Mas, da mesma maneira que você não se recusaria a vacinar o seu filho porque o procedimento é doloroso, de vez em quando há aquele momento passageiro em que a coisa mais gentil que você pode fazer por outra pessoa é dizer uma palavra dura ou fazer uma observação severa que podem magoar momentaneamente. Uma criança que está prestes a correr para uma rua movimentada pode precisar ouvir umas palavras severas para que pare.
   Antes de você falar, você deve examinar a sua própria mente e os seus motivos. Se você está tentando derrubar alguém, ou se está prestes a falar com malícia ou rancor, então não diga nada. Mas se nesse momento você deve dizer a alguém: "Estou triste pelo modo como você tratou Jim esta manhã. Acho que você lhe deve uma desculpa" - então diga. Ou talvez pelo bem da saúde, sanidade e bem-estar de um amigo, você precise dizer: "Acho que você tem um problema com o álcool. Se você continuar a beber como faz agora, realizará poucas coisas mais. E fará a sua família sofrer." Isso poderia magoar. Poderia parecer muito pungente nesse momento, do lado de fora. Mas isso não significa necessariamente que não seja gentil. Isso depende do seu motivo. Esteja certo de observar primeiro a sua própria mente. É impossível especificar uma reação apropriada com antecedência. Cada situação deve ser tratada levando em conta cada caso.
   Se você despertasse, a questão não seria tanto estar envolvido com as palavras reais que você fala, nem mesmo com o seu tom. Em vez disso, esteja envolvido com observar o seu coração e a sua mente. Então fale com a consciência do que você observar - no seu coração, mente e situação. As palavras que você seleciona, e o tom delas, se seguirão adequadamente. E você estará falando e ouvindo com sabedoria e compaixão. 

Steve Hagen em "Budismo claro e simples".   

Comentários