Mais fácil do que beber água...

   Com efeito, vivenciar a paz natural é mais fácil do que beber água. Para beber, você precisa de certo esforço. Você precisa pegar um copo, levá-lo aos lábios, entornar o copo para a água escorrer em sua boca, engolir a água e colocar o copo na mesa. Esse esforço não é necessário para vivenciar a paz natural. Tudo o que você precisa fazer é repousar a mente em seu estado natural. Não é necessário nenhum foco especial, nenhum esforço especial. 
   E, se por algum motivo não conseguir repousar sua mente, observe quaisquer pensamentos, sentimentos ou sensações que surgem, mantêm-se por alguns segundos e desaparecem e reconhecer: "Ah, então é isso o que está acontecendo em minha mente neste exato momento."
   Não importa onde você estiver, o que você estiver fazendo, é essencial reconhecer sua experiência como algo comum, a expressão natural de sua verdadeira mente. Se você não tentar interromper o que está ocorrendo em sua mente, mas limitar-se a observar a sua atividade, mais cedo ou mais tarde começará a ter uma enorme sensação de relaxamento, um amplo senso de abertura em sua mente - que é, na verdade, sua mente natural, o pano de fundo naturalmente impertubável sobre o qual vários pensamentos vêm e vão. Ao mesmo tempo, você estará despertando novos caminhos neuronais que, à medida que se fortalecem e se conectam mais profundamente, aumentam a capacidade de tolerar o efeito dominó de pensamentos que passam por sua mente em qualquer momento específico. Quaisquer pensamentos pertubadores que surgirem atuarão como catalisadores que estimularão sua consciência da paz natural que o cerca e que permeia esses pensamentos, como o espaço cerca e permeia cada partícula do mundo fenomênico.  

Yongey Mingyur Rinpoche em "A alegria de viver".

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