Apenas observe...

   Ao progredir na sua prática, você precisa ter vontade de examinar cuidadosamente toda experiência, toda abertura dos sentidos. Por exemplo, examine algo ligado aos sentidos; um som talvez. Escute. O fato de você ouvir é uma coisa, o som é outra. Você está consciente e é tudo o que interessa. Não há nada, nem ninguém. Aprenda a prestar atenção cuidadosamente. Confie, desta forma, na natureza, e observe para encontrar a verdade. Você verá como as próprias coisas estabelecem uma separação. Quando a mente não se apega nem sente um interesse legítimo, ela não se deixa aprisionar e as coisas ficam claras. 
   Quando os ouvidos estiverem ouvindo, observe a mente. Ela fica enleada e faz do som uma história? Pertuba-se? Você pode reconhecer isso: fique firme e tome cuidado! Algumas vezes, você tenta fugir do som, mas essa não é a saída. Você precisa fugir através da percepção.
   Em certas ocasiões apreciamos o Dharma; em outras, não, mas o problema nunca é o Dharma. Não podemos contar com a tranquilidade tão logo iniciemos a prática. Devemos deixar a mente pensar, deixá-la fazer o que quiser; observá-la apenas e não reagir. Então, à medida que as coisas entram em contato com os sentidos, precisamos praticar a equanimidade, ver que todas as impressões dos sentidos são iguais. Ver como elas vêm e vão. Não pense no que passou, não pense "amanhã vou fazer isso". Se reconhecemos as verdadeiras características das coisas no presente, em todos os momentos, então tudo é Dharma, revelando-se a si mesmo.

Achaan Chah em "Uma tranquila lagoa na floresta".

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