Meditação sobre o amor altruísta.

   Imaginemos uma criança que se aproxima de nós e nos olha feliz, confiante e cheia de inocência. Acariciamos sua cabeça contemplando-a com ternura e a pegamos no colo, enquanto sentimos um amor e benevolência incondicionais. Deixemos nos impregnar desse amor que só quer o bem dessa criança. Permaneçamos por alguns instantes na consciência plena desse amor, sem nenhum outro pensamento. 
   Podemos também escolher qualquer outra pessoa pela qual temos grande ternura e um profundo reconhecimento, nossa mãe, por exemplo. Desejamos com toda nossa força que ela encontre a felicidade e as causa da felicidade, depois estendamos esse pensamento a todos que nos são próximos, depois àqueles que conhecemos menos, em seguida, progressivamente, a todos os seres. Enfim, desejamos o mesmo a nossos inimigos pessoais e aos inimigos de toda a humanidade. Neste último caso, não quer dizer, evidentemente, que lhes desejamos sucesso em seus projetos funestos. Desejemos que eles abandonem seu ódio, sua crueldade ou sua indiferença, e que a benevolência e a preocupação com a felicidade do outro nasçam em sua mente. Quanto mais grave é a doença, mais o doente precisa de cuidados, de atenção e de boa vontade.
   Abracemos assim a totalidade dos seres num sentimento de amor ilimitado.

Matthieu Ricard em "A arte de meditar". 

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