O instante em que vivemos...

   Frequentemente, nossa mente é levada por uma corrente de pensamentos nos quais se misturam reminescências e projeções do futuro. Ficamos distraídos, dispersos, confusos e, por isso, desconectados da realidade imediata e mais próxima de nós. Percebemos com dificuldade o que se passa no instante em que vivemos: o mundo que nos cerca, nossas sensações, a maneira pela qual nossos pensamentos se encadeiam e, sobretudo, a consciência onipresente que nossas cogitações obscurecem. Nossos automatismos de pensamento estão no extremo oposto da consciência plena. Esta consiste em estar perfeitamente atento a tudo que surge em si mesmo e em torno de si, a cada instante, a tudo que vemos, ouvimos e pensamos. A isso se acrescenta uma compreensão da natureza a partir do que nós percebemos, livre das deformações que nossas atrações e rejeições provocam. A consciência plena possui igualmente um componente ético que permite discernir se é ou não benéfico manter esse ou aquele estado de espírito e dar prosseguimento ao que estamos fazendo no momento. 

Matthieu Ricard em "A arte de meditar".  

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