O poder do agradecimento sincero.

   Há muito, muito tempo, numa terra distante, bem distante, vivia um homem que parecia ter tudo - uma casa sólida, um emprego, dinheiro suficiente para comprar o que desejasse. Mas ele não era feliz, sentia-se vazio por dentro e achava que se descobrisse o significado da vida poderia então ser feliz. Leu todos os grandes livros na biblioteca local, mas não encontrou a resposta. Viajou de aldeia em aldeia conversando com homens sagrados e mulheres sábias, mas nenhuma das respostas continha a verdade. Então soube de uma anciã que vivia no topo da montanha mais alta na Terra. Todos disseram que ela conhecia o segredo. 
   Então o homem viajou por vários dias, atravessando florestas e aldeias, regatos e rios até finalmente chegar à montanha. Escalou até o pico mais alto, e sua excitação cresceu. Pensava:
   - Logo terei a resposta; logo serei feliz!
   Quando chegou ao topo, viu uma anciã vestida com farrapos, reunindo gravetos para o fogo, suas costas e membros torcidos pela artrite.
   - Viajei de uma grande distância e estou exausto pelo esforço, disse. - Por favor, revele-me o significado da vida!
   A velha mulher disse:
   - Muito obrigada!
   - De nada - respondeu o homem, pensando que a velha não tinha ouvido bem.
   - Qual o significado da vida? - gritou então em seu ouvido.
   - Muito obrigada - respondeu a mulher.
   Sem acreditar, o homem perguntou ofegante:
   - É isto? Isso é tudo? Tem certeza?
   - Muito obrigada - confirmou a mulher.
   O homem não achou que fosse uma boa resposta, mas decidiu dar uma oportunidade. Quando viajou de volta pelo caminho que viera, disse "obrigado" para todos que encontrava. "Obrigado, obrigado, obrigado!" Mas ainda não se sentia feliz.
   Estava fervendo de raiva e decidiu voltar até a anciã. Gritou para ela:
   - Comecei a dizer obrigado para todos, mas não funcionou, não me sinto feliz! Por favor, diga-me o significado secreto real e verdadeiro da vida.
   A mulher fez um gesto para que ele se aproximasse e disse:
   - Muito obrigada!

Conto zen extraído do livro "A arte do perdão" de Madeline Ko-I Bastis.       

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