A verdadeira liberdade interior...

   A liberdade interior é, em primeiro lugar, libertar-se da ditadura do "eu" e do "meu", do "ser" cativo e oprimido, e do "ter" que invade tudo, deste ego que entra em conflito com tudo que não gosta e busca desesperadamente se apropriar daquilo que cobiça. Saber encontrar o essencial e não se inquietar com aquilo que é acessório traz um profundo sentimento de contentamento, sobre o qual as fantasias do eu não tem nenhum poder. "Aquele que experimenta um contentamento assim", diz o provérbio tibetano, "tem um tesouro na palma da sua mão".
   Dessa maneira, ser livre significa se emancipar das aflições que dominam e obscurecem a mente. Significa tomar a vida na nossa própria mão, em vez de abandoná-la às tendências criadas pelo hábito e pela confusão mental. Se um marinheiro solta o timão e deixa as velas da embarcação, ao sabor do vento, o navio ao sabor das correntes, isso não se chama liberdade - chama-se ficar à deriva. Liberdade, aqui, significa ter o leme nas mãos e velejar na direção que escolhemos.

Matthieu Ricard em "Felicidade, a prática do bem-estar".   

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