Como agarrar uma serpente.

   "A nossa prática consiste em não agarrar coisa alguma", disse Achaan Chah a um novo monge.
   "Mas não é necessário, algumas vezes, agarrar-nos a alguma coisa?", protestou o monge.
   "Com as mãos, sim, mas não com o coração", o mestre respondeu. Quando o coração se apega ao que é doloroso, é como ter sido picado por uma serpente. Quando, através do desejo, ele se agarra ao que é prazeroso, está agarrando a cauda da serpente. Daí para a cabeça da serpente se voltar e mordê-lo, é só um passo. Faça desse desapego, desse cuidado absoluto, o guardião do seu coração, como uma mãe, como um pai. Então as coisas de que você gosta virão ao seu encontro, como crianças. 'Eu não gosto disso, mamãe. Eu quero mais, papai!' Sorria apenas e concorde: 'Está bem, filho.' Não há problema se tudo isso for feito sem apego."
   Quando algo entra em contato com os sentidos; nasce uma atração ou uma repulsa e, ao mesmo tempo, a ilusão. E, então, com cuidado e discernimento, da mesma experiência pode nascer a sabedoria.

Achaan Chah em "Uma tranquila lagoa na floresta".      

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