Por que nascemos humanos?

   As pessoas às vezes se perguntam, "Por que eu nasci? Qual é o propósito desta vida humana? Tenho a sensação de que há um grande motivo para eu estar aqui, mas não sei qual é." Alguns pensam que seu propósito é tornar-se um excelente músico ou escrever livros excepcionais. No entanto, qualquer música tocada, qualquer escrito é impermanente.
   Não compreendemos que a nossa mente é um sonhador, e as nossas experiências na vida o sonho que ele criou. Pelo fato de não termos idéia alguma de que estamos sonhando, tomamos a vida muito a sério, e freqüentemente nos sentimos impotentes quando as coisas não saem como desejamos. Através da prática espiritual, podemos, pelo menos, criar sonhos felizes. Em algum momento, poderemos de fato acordar.
   Acordar, revelar a essência da nossa existência, é a meta maior da nossa vida, que a tudo se sobrepõe. Mas o que é essa essência? Não pode ser o nosso corpo, já que tudo o que sobra quando a mente deixa o corpo é um cadáver. Nem pode ser a faculdade da fala, já que é simplesmente uma função do corpo. E não é, tampouco, as oscilações superficiais das emoções, o contínuo sobe e desce de esperanças e medos, de gostos e aversões, nem a atividade da mente que, como uma pulga saltitante ou uma pipoca, está sempre se movimentando e mudando. Para encontrarmos a essência, temos que compreender a verdadeira natureza do nosso corpo, fala e mente, além da experiência de realidade que temos, que é como um sonho. A capacidade de fazer isso é encontrada apenas no nascimento humano precioso.

Chagdud Tulku Rinpoche em "Os portões da prática budista."

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