Saber ver sem estar a pensar,
Saber ver quando se vê,
E nem pensar quando se vê
Nem ver quando se pensa.
Mas isso (tristes de nós que trazemos a alma vestida!),
Isso exige um estudo profundo,
Uma aprendizagem de desaprender
E uma sequestração na liberdade daquele convento
De que os poetas dizem que as estrelas são as freiras eternas
E as flores as penitentes convictas de um só dia,
Mas onde afinal as estrelas não são senão estrelas
Nem as flores senão flores,
Sendo por isso que lhes chamamos estrelas e flores."
Alberto Caeiro.
Alberto Caeiro é realmente um mestre. Mestre da simplicidade, onde consegue ver beleza nos mais ínfimos detalhes.
ResponderExcluirEssa capacidade mágica é expressada claramente nesta poesia. Lembrou-me inevitavelmente deste pequeno texto do venerável Osho:
"Ao ver o pôr-do-sol, por um instante você esquece seu estado de separação e passa a ser o pôr-do-sol. Esse é o momento em que sente a beleza dele. Mas, no instante em que diz 'que lindo pôr-do-sol', deixa de senti-lo - você volta para a sua entidade separada e fechada do ego. Agora é a mente falando. Esse é um dos mistérios: a mente pode falar e nada sabe, e o coração sabe tudo mas não sabe falar."
Aprendamos a nos guiar pelo coração, e não pelo ego.
Anônimo, sábio demais seu comentário, essa colocação do venerável Osho se chama “interser”.
ResponderExcluir"Ao ver o pôr-do-sol, por um instante você esquece seu estado de separação e passa a ser o pôr-do-sol. Esse é o momento em que sente a beleza dele. Mas, no instante em que diz 'que lindo pôr-do-sol', deixa de senti-lo - você volta para a sua entidade separada e fechada do ego. Agora é a mente falando. Esse é um dos mistérios: a mente pode falar e nada sabe, e o coração sabe tudo, mas não sabe falar."
“Interser” é uma palavra que ainda não se encontra no dicionário, mas se combinarmos o radical “inter” com o verbo “ser” teremos um novo verbo: interser. Não podemos ser simplesmente sozinhos e isolados, temos de interser com tudo o mais.